Estava um pequeno 'comentário' no Expresso com o titulo: "Cavaco sabe o que valem as Selvagens" a propósito de que Espanha á dias enviou para a ONU um parecer que recusa dar o estatuto de ilhas ao arquipélago das Selvagens, para assim impedir que tenha direito a uma ZEE. E assim vingar Aljubarrota.
-Ora, Aljubarrota já foi vingada com a tomada de Olivença, e nada se ter feito para recupera-la.
-ONU falha se não reconhecer o estatuto de ilhas, menores territórios o receberam. O ter ou não população permanente é uma opção.
-Espanha quer Gibraltar, mas não cede Olivença, Ceuta, Melilha ou outros pequenos territórios, segue a politica de que o que é teu meu é mas o meu só meu é, imperialistas hipócritas, que tenham argumentos coerentes.
Se o governo português perde o estatuto de ilhas, é de uma incompetência atroz, devia ser logo demitido por lesa-pátria, uma derrota inconcebível. Espanhóis não perdem oportunidade para nos espoliar, sempre tiveram raiva que fossemos o unico estado da peninsula que resitiu a ser absorvido pelos sanguessugas de Castela.
ESPANHA CONTESTA POSSE PORTUGUESA DAS ÁGUAS DAS SELVAGENS (ou..."QUANTO MAIS UM PAÍS SE AGACHA...")
O Estado espanhol parece estar a iniciar um ciclo de reivindicações cujo aspeto contraditório não pode escapar a qualquer observador atento.
Na verdade, após Gibraltar, Madrid contesta a interpretação que Lisboa faz da soberania das águas que rodeiam as Ilhas Selvagens. Fá-lo... ao abrigo do Direito internacional.
Não pretendo discutir se a Espanha tem ou não razão. O que é espantoso nesta atitude é o facto de Espanha usar várias e opostas interpretações do mesmo Direito Internacional. Madrid parece não se dar conta de que está a "brincar" com coisas MUITO SÉRIAS e a despoletar indignações e a mexer num vespeiro.
Os dirigentes espanhóis não se dão conta de que, ao reivindicarem Gibraltar com base nas teses anticolonialistas das Nações Unidas, terão de aceitar a validade das reivindicações de Marrocos sobre Ceuta e Melilla.
Madrid parece não ter consciência de que agitar regras do Direito internacional (tenha ou não razão) em relação à Zona Económica Exclusiva das águas das Selvagens a faz cair numa abissal contradição, já que, em relação a Olivença, mantém uma situação de claro NÃO CUMPRIMENTO das determinações de 1814/15 e 1817, tomadas em Congressos Europeus onde esteve presente e de que foi signatária.
Alguns articulistas e comentadores, a propósito ainda e apenas dos recentes acontecimentos em Gibraltar, optaram por não referir Olivença, ou por destacar o contraste entre a posição "cautelosa e prudente" da Diplomacia portuguesa ao reivindicar esta cidade (ou vila) alentejana de forma discreta e a "fúria" despropositada da Espanha no que toca às exigências sobre o Rochedo.
O que estas notícias vêm aparentemente abrir caminha é à convicção de que Madrid não parece disposta a ouvir opiniões e razões que não sejam os seus, a fazer respeitar os tratados que lhe convêm, e que pouco lhe importam as consequências que tudo isso lhe poderá trazer. Este posicionamento pode abrir o caminho a numerosas crises e tensões, que não creio que venham a beneficiar minimamente ninguém, muito menos o Povo Espanhol.
Resta ver qual vai ser a reação em Portugal. Continuar com a cabeça mergulhada na areia?
Estremoz, 1 de Setembro de 22013
Carlos Eduardo da Cruz Luna
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